domingo, 10 de abril de 2011

Especialista acredita que bullying não é causa do massacre em escola do Rio

Boa tarde a todos!

Após esta violência na escola de Realengo, encontrei uma entrevista com um psicanalista no site da revista crescer.
Segue abaixo na íntegra.
Fonte:www.revistacrescer.globo.com

Especialista acredita que bullying não é causa do massacre em escola do Rio

Para o psicanalista Mario Corso, como a maioria das vítimas foram meninas, a intenção do criminoso não era atacar os valentões


Bruna Menegueço


 Shutterstock

Autor do massacre na escolaTasso da Silveira, que terminou com a morte de 12 adolescentes, no Rio de Janeiro, na quinta-feira (7), teria sofrido bullying (atos de violência física ou psíquica), segundo colegas.Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, que cometeu o suicídio depois de trocar tiros com a polícia, sofria calado com as provocações dos colegas. Mas para Mario Corso, psicanalista, membro da APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre) e autor dos livros Fadas no Divã: psicanálise nas histórias infantis, em 2005, ePsicanálise na Terra do Nunca: ensaios sobre a fantasia, em 2010 (ambos pela Ed. Artmed), escritos em parceria com sua esposa Diana Corso, essa teoria não tem fundamento. Segundo o especialista, como a maioria das vítimas foram meninas, a intenção do criminoso não era atacar os valentões. Ele explica mais na entrevista a seguir.


CRESCER: Especula-se que Wellington tenha sido vítima de bullying naquele local por isso voltar para a escola para vingar-se? O que o senhor pensa disso?
MÁRIO CORSO: Para mim, isso é uma tese furada. As coisas nos levam a pensar por outro lado. Se ele sofresse bullying, por que iria matar meninas, e não os “valentões”? Na minha opinião, o assassinato de mulheres é uma afirmação viril. Pensando no simbolismo de Simone de Beauvoir, em seu livro O Segundo Sexo, a mulher está ligada ao nascimento porque dá à luz e o homem, como guerreiro, à morte. Wellington quis morrer como homem e encontrou o jeito mais absurdo de “penetrar” essas meninas.

C: A escola poderia ter evitado essa tragédia de alguma forma?
M.C.: Não, de jeito nenhum. Esses ataques psicóticos são casos isolados e o principal problema aqui no Brasil é o acesso fácil às armas. Em uma sociedade desarmada, ele provavelmente teria feito menos estrago, se estivesse usando apenas um canivete, por exemplo.

C: O que os pais têm de fazer se o filho for vítima ou autor de bullying?
M.C.:
Os pais não devem correr atrás de uma coisa que já aconteceu, eles devem estar conectados com seu filho sempre. Cumplicidade com uma criança não se constrói aos 10 ou aos 15 anos, se constrói desde o nascimento ao descer para chutar bola com o filho no prédio. São pequenas atitudes de confiança. Um pouco de sofrimento é inevitável para o crescimento, mas a criança que sofre bullying demonstra sinais. Ela emudece, muda os hábitos, o jeito de se vestir...

C: Existe uma polêmica sobre a obrigatoriedade de um psicólogo dentro de uma escola. O que você pensa sobre isso?
M.C.: Eu acho uma ótima ideia. Se tem alguém ali na escola circulando com o olhar mais atento vai detectar alguns casos como esse. Não todos, mas vai minimizar. Se existir uma política de buscar esses movimentos, detectar e cuidar, eles vão diminuir. Aliás, quanto mais adultos responsáveis dentro da escola, melhor.

C: Se fosse em uma escola particular, teria sido diferente?
M.C.:
Não, também é possível entrar em uma escola particular. Fazer ou sofrer bullying não tem classe social.