Gosto de pensar em óculos quando penso em percepção. Costumo fazer esta analogia quando converso com pacientes e alunos. É bom pensar em óculos porque eles podem ser de diferentes formas, cores, tamanhos, marcas... Eu poderia pensar em lentes ou mesmo em “cirurgia de correção de percepção existencial”?? Bom, não gosto de pensar em corrigir ninguém, mas as vezes a percepção de alguém está tão debilitada que devemos tentar ajudar esta pessoa a perceber mais próximo da realidade. Por favor, não entendam que existe uma única verdade em termos de percepção, existem várias...
Certa vez eu estava ministrando aula e apresentei um objeto aos alunos, uma cadeira, como a que eles estavam sentados. Pedi que me descrevessem o objeto. Obtive respostas diferentes de cada um, embora fossem sinônimos, eram palavras diferentes. Depois eu contei uma historinha, disse que aquela cadeira era herança que um tataravô havia deixado para ele (a), e que este tataravô já o amava, mesmo sem conhecê-lo (a) etc... Daí a descrição mudou completamente. Passou a ser carregada de emoção e sentimento...
Isso acontece conosco. Quando algo em nossa vida é carregado de emoção e sentimento a percepção muda. Podemos as vezes sobrevalorizar ou subvalorizar coisas ou pessoas de forma a distorcer a medida que nos permitia uma vivência saudável.
As vezes recebo no consultório pessoas que me descrevem suas vidas como um dia cinza, nublado, frio e, no entanto, insistem em usar um óculos de sol, que deixa a vida delas com um olhar mais sombrio... Daí apresento minha “caixinha de óculos”, ela experimenta alguns, relutante, pois mudar não é fácil! Usa por uns dias, quando gosta, os leva e passa a me trazer outros óculos, daí a própria pessoa começa a ir atrás de seus próprios óculos, é bem interessante.
Existem coisas que somente nós podemos fazer por nós, por mais que alguém queira nos ajudar, nos apoiar, somos nós os responsáveis pela nossa mudança, nossa melhora. Sei que existem fases da nossa vida em que tudo nos parece mais difícil, situações parecem ser forjadas, parece que de propósito contra nós, mas na verdade, estas mesmas situações que antes pareciam forjadas contra nós, podem estar muito a nosso favor, podem estar tentando nos ensinar algo de muito valor. Aqui a diferença é como as percebemos...
Aqui fica o convite: mude os teus óculos existenciais, se permita experimentar algo novo, melhor!!
Ah, e “chega de chorar as pitangas!” (RS), expressão que ouvi e não sei ainda a procedência, se alguém souber, me conte, quero mudar minha percepção...
Janaina Bahia - Psicóloga da Serena Psicologia com abordagem fenomenológica existencial. Professora da FATEDEB.
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