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terça-feira, 22 de junho de 2010
Um membro da família deprimido: Como ajudá-lo?
Conforme tinha prometido no último post, vou falar um pouquinho de como a família pode ajudar um membro da família em depressão.
Primeiro, quero explicar que quando alguém próximo de nós está deprimido, todos nós sofremos, a família toda... E ficamos loucos para vermos este ente querido com sua forma de ver a vida como era antes, sem tantas catástrofes ou tantos pensamentos pessimistas ou tantas possibilidades imaginárias de algo de pior aconteça.
Mas, normalmente, pela experiência clínica e literatura, a família passa por fases. A primeira é quando existe uma negação. Quem nunca ouviu : “ isto é manha!” ou “ dá um tanque de roupa suja que passa na hora!” ou “ é apenas uma fase, daqui a pouco passa!”
Em seguida, normalmente, a família fica agressiva com o membro doente. Uma vez, uma paciente relatou que as pessoas que ela mais gostavam a chamavam de louca! , afinal ela tomava remédios tarja preta. Na verdade, diante da impotência de fazer algo pelo indivíduo, eles se protegem agredindo. E a última coisa que alguém quer ouvir é que é maluco, que vai entrar numa camisa de força.
Em seguida, diante da não melhora do quadro, alguns familiares deprimem, pois não conseguem lidar com a doença. È a maneira ineficaz de enfrentar o problema.
E por fim, a última fase é a aceitação. Aqui, os familiares aceitam a doença, arregaçam as mangas e procuram ajudar da forma mais solícita possível.
Em minha experiência clínica, normalmente após três ou quatro encontros com o deprimido, chamo a família e explico com cuidado sobre a depressão e falo sobre as fases que a família pode vir a passar. È claro que em alguns casos, a família ajuda logo de início, mas confesso que estes casos são exceção.
Um outro ponto que explico é sobre os mantenedores da depressão. A família precisa saber dos sintomas, claro. Mas, mais importante do que a descrição da depressão é o que mantém tal quadro. E tentar desvendar este mistério. O que eu ganho com esta depressão? Quais são os meus benefícios secundários? Curioso isto...
E isto me faz me lembrar de uma moça que atendi há anos atrás que tinha uma depressão gravíssima, destas de não sair da cama... Estava de licença do trabalho. Eu ia atendê-la em casa. Super grave! E ninguém conseguia tira-la do quadro.
Mãe de três crianças, o esposo e a mãe se viravam em quatro para cuidar das crianças e enquanto isto, ela ficava deitada na cama... Claro que foi inconsciente, mas para quem tem filho em casa e sabe a trabalheira que dá, ela estava fugindo da responsabilidade de ser mãe. E o esposo e a mãe estavam mantendo o quadro. Quando ela se tocou que isto era verdade (aos prantos, claro), o processo foi caminhando...
Outra coisa, a família tem que se comprometer, cuidar e dar importância ao TRIPÉ do tratamento para depressão: psicoterapia, exercício físico e medicação. Fazendo tudo direitinho, conseguimos chegar a uma melhora bastante significativa.
Além disso, temos que entender que para quem está deprimido, atividades que eram fáceis de ser feitas, passam a ter uma enorme dificuldade. Lembro-me de um paciente, comerciante, que no momento pior da crise, ele não conseguia preencher os cheques para depositá-los no banco. O que era tão simples para ele, estava muito complicado.
E tomar decisão? Mesmo as mais simples ficam difíceis. Assim, a família deve pontuar com o indivíduo os prós e os contra de cada decisão e ajuda-lo nesta escolha.
Por fim, temos que apoiar, entender e contestar cada afirmação descrente ou pessimista. Ter um bom contato com o profissional que o atende também é imprescindível. Ajudar no tratamento é a melhor maneira para que ele fique são o mais rápido possível.
Espero que tenha esclarecido.
Um forte abraço a todos!
Luciana Brasil – Psicóloga clínica com formação em Análise do Comportamento e especialização em Cognitivo-Comportamental – Serena Psicologia
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Lu, parabéns pelo texto.
ResponderExcluirMuito esclarecedor para as famílias que sofrem junto com o indivíduo depressivo.
Beijo!