No consultório recebemos alguns pacientes com o diagnóstico realizado por eles mesmos... Isto por que aliando descrições, comportamentos, sintomas e o largo uso da internet, eles chegam a um rótulo final para o problema.
E aí por que procurar um especialista então?
Coloco aqui a importância de um profissional para fechar o diagnóstico “médico”, aquele ligado ao número do CID. Quando o paciente chega com este número concluído pode até dificultar o diagnóstico profissional, além de se sugestionar com algum sintoma.
(Vou contar uma coisa... se abrirmos o DSM IV – vamos achar que temos todas as doenças mentais...rs)
Mas, em saúde mental, o diagnóstico ambiental é muito importante.
O que significa isto?
Precisamos fazer intervenções no que está mantendo o comportamento inadequado. O cid ou o rótulo que a criança tem um Distúrbio Desafiador Opositivo – cid F91.3 serve apenas para guiar os profissionais da área médica. O que mantém esta criança burlando regras? Os pais são presentes e coerentes na educação? O que acontece quando ele desobedece? È preciso fazer uma análise funcional do comportamento para podermos orientar esta família e para que o comportamento desviante entre em extinção.
Assim, cada paciente é um ser diferente com sua história de vida, privações e reforçamento. Dois irmãos tiveram a mesma educação, mas são pessoas completamente diferentes no seu modo de pensar e de agir perante a vida. Isto por que cada um responde ao mesmo estímulo de forma diferente.
Outra coisa: sintoma é diferente de Síndrome. Estes dias, uma paciente minha disse que tinha TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo. Perguntei o porquê e ela me respondeu que gostava das coisas alinhadas, arrumadas e no lugar. Perguntei se isto incomodava e a atrapalhava no seu dia a dia (fator imprescindível para o fechamento do rótulo), ela disse que não.
E aí penso num caso que atendi: a senhora de meia idade usava fraldas para não ir ao banheiro público. Ia ao trabalho de fraldas, festas de fraldas e ali fazia as necessidades, sem utilizar o banheiro de “lugares estranhos”. Esta sim, era portadora de TOC. Imagina o dia a dia desta pessoa, como a doença atrapalhava o seu cotidiano.
Na minha forma de atuação, trabalho muito com psico-educação. Após algumas consultas de avaliação, mostro ao paciente e familiares o que está acontecendo com ele. E, inevitalmente, vou descrever o quadro de acordo com o CID. È importante salientar que o paciente e a família devem conhecer os sintomas, entender a doença para conseguir prever uma recaída, por exemplo. Afinal, na psicoterapia é imprescindível que o paciente reconheça o que sente e o que pensa.
Por fim, temos que usar a internet como aliada e não como o profissional. Após uma consulta, é saudável olhar o que está acontecendo... Mas, cuidado com os sites! Prefira os sites ligados a universidades. Esta é a dica!
Bom feriado para vocês!
Um forte abraço,
Luciana Brasil
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