A suspensão do a priori (experiência primeira, vivida anteriormente) consiste em se disponibilizar para viver uma experiência nova. Ainda que a experiência tenha sido vivenciada anteriormente se pode se disponibilizar para vivê-la como se fosse a primeira vez.
Temos dificuldade de perdoar as pessoas e muitas vezes nos perdoar, isso mesmo, muitas vezes devemos o perdão a nós mesmos por nos permitir passar por situações dolorosas que poderíamos ter evitado. Outras vezes devemos o perdão à vida e talvez pudéssemos pensar que em alguns momentos, devemos o perdão a Deus. Ora, quantas vezes parecem termos feito tudo tão certo, conforme manda o figurino e, no entanto parece que o próprio Deus se esqueceu de nós. Isso me lembra a historinha chamada pegadas na areia, mais isto é assunto para outro texto.
Já dizia o filósofo Heráclito de Éfeso que ninguém atravessa o mesmo rio duas vezes, as águas do rio já não seriam as mesmas e nem você seria a mesma pessoa. O problema é que não nos damos conta disso, pensamos prever tudo, com isso a espontaneidade e a criatividade ficam embotadas. Basta nos deparar com uma situação nova, o quanto geralmente ela nos incomoda.
Exemplo disso é a situação de crise. A crise nos empurra para uma mudança forçada, esse é o lado bom dela, a mudança. Infelizmente não a vivemos focados no lado bom. Bom seria que todos nós pudéssemos vislumbrar o lado colorido da vida até mesmo nas situações mais dolorosas. Muitas vezes precisamos de alguém ou mesmo de anos para sermos capazes de enxergar.
Voltando à suspensão do a priori, não é fácil, é um exercício diário. Por exemplo, convivemos com as mesmas pessoas diariamente, dentro da mesma casa, com o tempo deixamos de nos olhar, de nos perceber. Daí quando tiramos um tempinho para olhar um álbum de família nos assustamos com o quanto as coisas mudaram. As roupas são de outro estilo, o corte de cabelo mudou, e os rostos das pessoas estão sem as marcas do tempo. Precisamos nos observar com amor, nos olhar...
Quando uma pessoa não consegue falar bem em público é porque ela não consegue suspender o a priori. Provavelmente ela está presa a experiências passadas que lhe marcou uma baixa auto-estima, ou a uma experiência em que não obteve sucesso ao falar em público. Quando ela se disponibiliza ela coloca a experiência ruim entre parêntesis e se atira a uma nova experiência com a confiança necessária para que dê certo. E se der errado, novamente ela coloca entre parêntesis o passado e de repente as coisas começam a dar certo e a dar certo...
Suspender o a priori é permitir que sejamos emocionados facilmente, que nos encantemos novamente com as rosas daquele jardim que vemos todos os dias, é não nos prender a uma experiência ruim do passado e, mais do que isso, é nos permitir viver uma experiência boa, uma vida nova...
Janaina Bahia – Psicóloga - Serena Psicologia; professora de Psicologia da religião e aconselhamento cristão da faculdade de teologia FATADEB.
Jana,
ResponderExcluirParabéns pelo texto!
Estás virando escritora...rs
Este tema é de grande importância para construção de novas realidades com os pacientes.
Um beijo,
Luciana Brasil
Parabéns pelo texto Janaina! Com um conteúdo muito interessante e bastante claro...
ResponderExcluirBeijos
Denilda
Obrigada pelos comentários...
ResponderExcluirQue bom você ter gostado do texto Denilda... É um prazer para nós sua visita...
Beijo
Janaina